O Senhor criou os remédios na terra e o
homem sensato não o desprezará.
(Eclo 38,4)
Povos de todos os tempos e civilizações desenvolveram a cultura das plantas para a alimentação e a cura da saúde. O conhecimento das plantas, de geração em geração, foi sendo aprofundado e diversificado. E mesmo algo se perdendo, a essência deste saber chegou ate nós.
Nossos
antepassados foram os primeiros cientistas ao observarem a natureza e
formularem soluções para a sua sobrevivência. Encontraram nas plantas o
alimento e a cura de enfermidades. As ervas sempre acompanharam a história do
homem. Até o início do século XX a botânica era uma disciplina obrigatória na
medicina. Com o progresso da química, os remédios passaram a ser produzidos em
laboratórios, declinando o saber sobre as plantas medicinais. Atualmente está
retornando a credibilidade das plantas medicinais.
Ignorar a
riqueza deste conhecimento não contribui para a nossa civilização. O problema
não é “não saber”; É “não querer saber” e a ignorância se transforma em
tragédia.
O
tratamento com plantas medicinais é conhecido como “fitoterapia”. É uma palavra grega. “Terapia” significa tratamento, cura e “fito” significa planta, erva ou vegetal. Logo, fitoterapia e a
cura pelas plantas ou cura pelas ervas.
COMO CURAR-SE E MANTER A SAÚDE COM A AJUDA DAS ERVAS MEDICINAIS
O essencial
para curar–se é fazer uma boa limpeza do organismo e levantar as defesas
através de chás com ervas medicinais e de correção alimentar.
Pode se naturalmente e com eficácia curar as pessoas
e manter a saúde com as ervas, correção alimentar e terapias naturais. Em todas
as partes do mundo tem plantas boas para curar todas as doenças. Deus, em sua
providência, coloca a nossa volta os recursos que necessitamos para nos manter
saudáveis.
Conhecendo bem as ervas medicinais e as terapias
naturais e, sabendo usá-las adequadamente, poderemos recuperar e manter a nossa
saúde física, emocional e espiritual.
Com um profundo conhecimento das ervas medicinais
poderemos nos prevenir contra graves doenças, fortalecer a nossa saúde,
prolongar a nossa vida e viver mais feliz.
Pode se
usar folhas, cascas, raízes. É preferível usar as folhas das árvores para
facilitar a sua reprodução. No conjunto das folhas teremos o suficiente para a
cura completa do nosso corpo.
Plantas medicinais são fontes de esperança, saúde e
vida.
HERBÁRIO MEDICINAL
Considerando que muitas vezes as ervas medicinais
estão com preços altos, qualidade ruim ou em falta no mercado, é mais seguro
que as pessoas tenham a sua própria horta de ervas medicinais e que conservem
uma farmácia com ervas secas em casa. Além de garantir qualidade, preço baixo,
há o empoderamento das pessoas no resgate do conhecimento das ervas, de como
lidar com elas e no cuidado com a própria saúde, num trabalho preventivo e
curativo.
Hoje está se tornando comum as hortas comunitárias de
ervas medicinais e de verduras e legumes para alimentação.
Para se instalar um herbário medicinal deve se
escolher o local onde incida pelo menos cinco horas de sol durante todo o ano.
O local deve ser bem drenado e protegido de ventos e frios fortes para que as
plantas cresçam com vigor.
É necessário montar uma equipe de horta com ajuda de pessoas que tenham tradição no trabalho com a terra, experiência de plantio, conhecimento em ervas medicinais, amor e zelo por este serviço.
É necessário montar uma equipe de horta com ajuda de pessoas que tenham tradição no trabalho com a terra, experiência de plantio, conhecimento em ervas medicinais, amor e zelo por este serviço.
COLETA E SECAGEM DAS ERVAS
Primeiro temos que identificar as plantas. Temos
também que saber as propriedades das plantas, suas indicações e qual parte da
planta é mais indicada para tratamentos específicos. A partir dai poderemos coletar raízes,
cascas, sementes, flores ou folhas. Tudo precisa estar em bom estado. As
melhores folhas são as adultas e verdes. A madeira, a casca e as raízes podem
ser colhidas em qualquer época, mas de preferência fora do tempo de
crescimento.
Usamos preferivelmente as folhas das árvore, uma vez
que elas se reproduzem facilmente, enquanto que a raiz é a vida das árvores e
as cascas são a sua pele.
Para colher as plantas e ervas
é preciso observar o seguinte:
1.
Colher antes do sol esquentar, sem sereno e nem
molhadas de chuva.
2.
Não colher em local poluído, em beira de
estradas ou atingidas por tratamentos de agrotóxicos.
3.
Colher somente as ervas sadias, com boa aparência,
sem nenhum sinal de fungo ou doenças.
4.
É bom colher no início da floração, época em que
as plantas possuem mais princípios ativos.
5.
As plantas limpas podem ser diretamente cortadas
bem fininhas com tesoura e colocadas para secar em bandejas de papelão que a
gente monta com caixas vazias de supermercados.
6.
As plantas empoeiradas podem ser passadas em uma
ligeira água, em baixo da torneira, para tirar o pó. pendurá-las no varal para escorrer e depois
fazer o mesmo processo: cortar fininho e colocar para secar.
7.
Secar as plantas, em bandejas de papelão, na
sombra, em lugar bem arejado e seco.
8.
As ervas secas devem ficar bem verdinhas e bem
crocantes como palha de milho seca.
ARMAZENAGEM DAS ERVAS
As ervas em
maiores quantidades devem ser rotuladas com o nome, a data de preparo, o prazo
de validade e colocadas em um saco de plástico.
Menores
quantidades de ervas podem ser colocados em potes de vidro ou plástico, também
rotulados com o nome, data de preparo e validade.
Deve se
fazer pequenas embalagens, em saquinhos médios de pipoca, com quantidades
suficiente de ervas para a pessoa tomar durante 15 dias.
As ervas
devem ser guardadas em lugar muito limpo, seco, fresco, longe da luz e do calor
excessivo.
COMO ESCOLHER AS ERVAS CORRETAS PARA O CHÁ?
É fundamental
saber escolher as ervas que o organismo está precisando no momento. As ervas
são selecionadas a partir das necessidades da pessoa avaliada. Quando a pessoa não
se sente muito bem e não tem certeza das ervas exatas para o seu organismo pode
se escolher três plantas: uma antibiótica, uma diurética e uma amarga.
Para fazer
o chá podemos usar plantas verdes ou secas. Existem plantas que só podem ser
usadas secas (ex: embaúba, abacate, bananeira) para diminuir a sua toxidade.
A raiz, a
casca, a flor e a semente são mais fortes do que as folhas, portanto devem ser
usadas em menor quantidade.
FAZENDO O CHÁ:
· Usamos uma pitada de cada erva selecionada, para
um litro de chá. Se a erva for seca, esta porção será menor, pois a planta seca
é mais concentrada.
· Se formos fazer meio litro de chá ou uma xícara,
a porcentagem de ervas será diminuída de acordo com a porcentagem de água. Para
criança a porcentagem será ainda menor.
·
Plantas mais fortes usam se doses menores (como
é o caso da arruda, tetraciclina e outras).
·
Partimos do princípio que é o mínimo que cura e
não a quantidade.
· Numa vasilha esmaltada ou de vidro, ferve se
primeiro: cascas, raízes, caules, cipós, partes mais duras das plantas, por 3 a
5 minutos.
· Depois acrescenta-se as folhas secas ou verdes,
apaga o fogo, abafa e deixa por 10 minutos.
· Se o chá for só com ervas secas ou verdes, quando
a água levanta fervura, coloca se as ervas todas juntas (uma pitada de cada),
tampa, apaga e fogo e deixa em infusão por 10 minutos.
· Depois coa, deixa esfriar, guarda na sua
embalagem própria e carrega consigo para ir tomando aos poucos. Se trabalha
fora, leva para o serviço.
· O correto é tomar metade da parte indicada na
parte da manhã, até as 13h e a outra, na parte da tarde e noite.
· Na medida do possível é melhor fazer meio litro
de chá de manhã, e a outra metade a tarde. Assim pode conserva mais os princípios ativos
do chá.
· Pode fazer o chá em uma quantidade de água menor
e depois completar o volume indicado com água filtrada. Anda mais rápido e tem
a mesma qualidade.
·
O chá medicinal é sempre sem açúcar.
· Deve se tomar em média um litro de chá por dia
(com o conjunto de ervas selecionado), durante 15 dias. Depois deve se trocar
as ervas. Junto com o chá deve se fazer uma correção alimentar para limpar o
organismo e garantir a eficácia do tratamento.
· O chá precisa ser tomado fielmente, sem
interromper, até completar os dias indicados. As ervas tem princípios curativos
específicos e exige regularidade para que se efetue a cura. Tem que ser fiel
para não dar trégua e combater as doenças.
· A pessoa precisa ser prevenida para não deixar
de fazer e tomar o seu chá durante os dias determinados.
· O adulto tomará normalmente um litro de chá por
dia ou mais dependendo do caso. O adolescente ficará com mais ou menos ½
litro/dia. A criança de colo com até 200 ml.
· Pessoas que tem problemas sérios nos rins
começam com bem pouco chá e a medida que vão melhorando, aumentam a quantidade.
· Para adultos pode se escolher no máximo 07
plantas. Para adolescentes o máximo de 05 plantas. Para crianças o máximo é 03
plantas. Para crianças de colo o ideal é uma planta.
· Para ficar mais prático fazer o chá no dia a
dia, confecciona se os sachês com o conjunto das ervas, para todos os dias.
Para isto pode usar guardanapos de papel.
QUANTO TEMPO PRECISAMOS PARA FAZER UM BOM TRATAMENTO?
O
tempo normal para uma cura é de dois meses. Doenças crônicas podem exigir seis
meses para um tratamento eficiente; para restauração e fortalecimento do órgão
ou sistema danificado. Tudo vai depender
da capacidade da pessoa em levar a sério o tratamento, que pode envolver o uso
do barro e a dieta
A grande
dificuldade das pessoas está em fazer a dieta. Não fazer a dieta prejudica o
tratamento. Grande parte das doenças e da persistência de bactérias no
organismo está ligado a erros na alimentação e nos hábitos de vida.
É bom as
pessoas fazerem um tratamento constante para ajudar na prevenção de doenças e
no fortalecimento do organismo. O uso de
chás e terapias medicinais ajudam a desintoxicar e melhorar o organismo; ajudam
na prevenção de doenças.
É muito inteligente termos em nossas casas uma
farmácia natural e aprendermos a cuidar da nossa saúde como uma
“espiritualidade”. Para quem ainda não sabe testar o chá, usa se as ervas cujas
propriedades e finalidades são conhecidas, chá bem leve (fraco), sem açúcar e
já estará beneficiando o seu organismo.
Pessoas com
problemas mais graves de saúde precisam de melhor orientação sobre as ervas,
pois elas interagem com os medicamentos no organismo.
RACIOCÍNIO FITOCLÍNICO
A saúde tem como fatores determinantes: a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, os
relacionamentos, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.
Os níveis de saúde da
população expressam o grau de desenvolvimento de um país; expressam a
organização social, econômica, política e cultural do país.
A doença tem uma
pluricausalidade, mas podemos resumir como causa principal os nossos hábitos de vida - hábitos
errados produz a vulnerabilidade do organismo predispondo-o a inúmeras doenças.
Compreendendo que a saúde
possui condicionantes econômicos, sociais, emocionais, dentre outros, temos que
avaliar o momento atual do paciente com o ambiente no qual ele está inserido
(familiar, emocional, profissional, hábitos de vida).
Ao se
conhecer a totalidade sintomática do paciente, é possível ampliar nossos
limites terapêuticos. Vejamos um caso de úlcera de estômago, que pode ser tratada
com espinheira Santa. Se não forem reparados seus hábitos (tabagismo, dieta
inadequada, excesso de bebidas alcoólicas, estados emocionais, entre outros);
consideradas suas ansiedades, angústias, medos, inseguranças, levando apenas em
conta sua dor de estômago, os resultados serão pequenos e passageiros. Não
haverá uma cura real. Os sintomas poderão desaparecer, trazendo um alívio
temporário, mas depois retornarão da mesma forma ou mascarados, diferentes.
Ao
considerarmos as emoções do paciente, sua maneira de viver, podemos usar outras
plantas medicinais que atuem como coadjuvantes no tratamento.
Primeiro é
necessário conhecer bem a doença a ser tratada. Segundo, é necessário conhecer
bem a história de vida do paciente.
Não existem
pacotes ou receitas prontas de plantas medicinais para cada sintoma ou doença.
Exemplificando:
ao se propor tratar um paciente diabético consideramos não apenas as plantas
que atuam como hipoglicemiante, mas também a maneira de ser deste indivíduo:
sua alimentação, suas angústias, seu sofrer emocional bem como as complicações
que esta patologia acarreta (por exemplo, manifestações circulatórias). É
consenso que o estresse psíquico é hiperglicemiante.
Desta forma
busca se associar uma planta hipoglicemiante, outra que ative a circulação
sanguínea e melhore o sono.
O paciente
não tem apenas uma doença. Há várias causas que interagem e promovem o seu
adoecer.
O
raciocínio fitoclínico parte do conhecimento básico da doença e das causas que
desencadearam a doença. Seleciona-se o agente fitoterápico a partir do
entendimento dos vários fatores que levaram o paciente a adoecer. Faz-se a
escolha das plantas que atuam na patologia em questão, considerando sua
atividade medicamentosa e sua atuação no paciente (causas, manifestações sintomáticas
e a doença instalada).
Raciocínio fitoclínico da
asma:
1. Identificar e afastar agentes que podem causar a
doença (bolor, poeira, pelos de animais, fumaça de cigarros).
2. Melhorar a resistência do organismo (empregar
plantas que aumentam a resistência do organismo. São chamadas de adaptógenas).
3. Atuar na patologia (doença em si) promovendo a
drenagem do catarro acumulado (expectoração).
4. Fortalecer o emocional. É consenso que a
ansiedade, em graus variados, está presente nas pessoas asmáticas. Utilizar plantas
que tenham princípios ativos ansiolíticos.
Devemos orientar a terapia de forma
individualizada: avaliar idade, peso, sensibilidade, seu ritmo de vida, suas
relações e o ritmo da doença. Devemos
considerar a interação medicamentosa entre a fitoterapia e os remédios
alopáticos e, seus possíveis efeitos colaterais.
As plantas adaptógenas possuem propriedades
que melhoram a nossa saúde e a capacidade de adaptação a situações
extremas de stress, seja emocional, físico ou químico (muito calor, muito frio,
muito stress mental, muito stress físico). Elas fortalecem as defesas do
organismo, melhoram o funcionamento do cérebro e ainda dão energia extra para
amenizar situações como fadiga extrema ou ansiedade. Cuidado: Existem certas doenças que não podem
com estas plantas.
O item Raciocínio Clínico aqui apresentado é
extraído do trabalho dos professores de pós graduação em fitoterapia: Carlos
Roberto Dias Brunini e Adauto Luiz dos Santos.
Que teu alimento seja teu remédio e teu
remédio seja teu alimento.
(Hipócrates – 460-377 a.C)
“Eu vim para que todos tenham vida, e a
tenham com abundância”. (João 10,10)